terça-feira, 27 de março de 2012

O SIGNIFICADO DA SABEDORIA

    Em 1533 nasceu Michel Eyquem, que não era nobre, mas detinha considerável posse de terras para a época. Tanto que ele chegou a ser prefeito de Bordeaux, França. Em seus escritos utilizou a alcunha de Michel [Seigneur] de Montaigne. Reza a lenda que em 1569 ele teria sofrido uma queda de um cavalo, fato que o fez contemplar a possibilidade da própria morte, nascendo assim o seu projeto autobiográfico: Ensaios. 


    Montaigne utilizou o termo “ensaio” porque nas variadas abordagens que efetuou dizia se tratar de tentativas, e não exposições de caráter definitivo. Ele afirmava não ser digno de ser considerado um sábio, como os da antiguidade e que estava longe disto. Mas era neles que encontrava a inspiração para escrever. Desta forma, justamente por não ser um especialista mesmo sendo dotado de muita sabedoria e conhecimento, Montaigne revelou-se o sábio mais humilde da história da humanidade. 

   
    Montaigne desvelou praticamente todos os escopos de preocupações do ser humano. 

    Um pouco de sua sabedoria: 


- Quero que me vejam aqui em meu modo simples, natural e coerente, sem pose nem artifício: pois é a mim que retrato. 


* Sua definição de projeto: - É um registro de ocorrências diversas e mutáveis, de idéias indecisas, e se calhar, contrárias.

* Contrariando Maquiavel, declarou: - Mesmo se pudesse me fazer temido, gostaria mais ainda de me fazer amado. - Quem impõe seu discurso como um desafio e um comando mostra que sua razão é fraca.

- Não há nenhum mal na vida para aquele que bem compreendeu que a privação da vida não é um mal.

- É descortês e inoportuno criticar tudo o que não é de nosso gosto.

* Pondera sobre os limites do conhecimento: - É uma ousadia perigosa de grande conseqüência desprezar o que não compreendemos.

- Não sei arte nem ciência, mas sou filósofo.

- É obrigado a agir mal no varejo quem quiser agir bem no atacado, e a cometer injustiça nas pequenas coisas quem quiser fazer justiça nas grandes.

- Não há nada tão belo e legítimo quanto agir como um homem deve agir, nem ciência tão árdua como saber viver esta vida.


    Sabedoria da Távola Redonda: - O grande desafio do ser humano é reconstruir tudo que aprendeu antes e durante o seu encontro com a maturidade intelectual, cultural e emocional.



Távola Redonda
Nelza Lau, Romeu Fernando Waechert e Heitor Jorge Lau

segunda-feira, 19 de março de 2012

INTERNET: ALIADA ou VILÃ DAS RELAÇÕES INTERPESSOAIS?



      Olá!

    Na sexta-feira, 16 de março, nosso grupo reuniu-se para debater um tema bastante polêmico e controverso: Relações na Internet
. O foco principal foi discutir a respeito dos benefícios ou malefícios que o recurso tecnológico oferece ou provoca. Abaixo está o resumo de nosso longo papo a respeito, descrito em formato de tópicos. Boa leitura!

* Pesquisas fragmentadas
  Existem muitas pesquisas apontando a predominância de aspectos negativos do uso da internet, contudo, nenhuma delas analisou todas as suas formas de utilização simultaneamente e muito menos de forma empírica. As relações virtuais acontecem em diversos cenários e contextos, portanto, afirmar que as relações, de modo geral, se deterioram a partir do contato virtual, significa opinar sob a ótica da generalização e especulação.

* Compulsividade e desvios de conduta REAIS
  Os desvios de conduta vinculados as dificuldades do controle de determinados impulsos podem sofrer um aumento gradual através do uso excessivo da Internet, pelo simples fato de coexistir a possibilidade de satisfação instantânea destes mesmos impulsos. Isto proporciona isenção de qualquer tentativa de solucionar problemas de compulsividade. A saciedade é virtual e utópica, mas geradora de expectativas gradativamente mais acentuadas. Acreditamos que a Internet não ocasiona a depressão ou qualquer outro tipo de desvio, todavia, são os indivíduos depressivos e/ou com algum tipo de desvio emocional que recorrem na maioria das vezes, à Internet de forma compulsiva e dependente.


* Invasão de privacidade
  A invasão de privacidade está longe de ser tipicamente configurada por um enxerido adentrando nos limitrofes-privados-físicos. O acesso pela internet, principalmente pelas redes sociais também possibilita a intromissão, com a diferença de ser virtual. Incialmente o ato de intrometer pode permanecer nos horizontes do virtual, mas, estudos e estatísticas (sérias) comprovam que danos físicos e emocionais podem migrar para o real por intermédio do assédio cibernético. A pedofilia está dentre os riscos mais sérios e presentes nas redes. Crianças, pré-adolescentes, adolescentes estão a mercê de pessoas com desvios patológicos seríssimos. É notório o fato de que os "pequenos internautas" navegam sob o prisma da privacidade de espaço, seja no âmbito familiar ou em alguma lan. Em ambos os casos, o olhar dos responsáveis passa muito longe dos acontecimentos. A questão levanta uma reflexão a ser feita: cabe aos pais policiarem seus  filhos a ponto de compartilharem toda espécie de contato virtual ou sua responsabilidade resume-se em apenas orientar? Talvez, ambos os casos. Acreditamos que as relações familiares devam ser muito bem constituídas e mantidas porque assim os filhos saberão que sempre poderão contar com o apoio da família, seja qual for a circunstância.


* Relações conjugais
  Especialistas matrimoniais afirmam que ocorreu um aumento exponencial de dissoluções matrimoniais devido ao estabelecimento de casos “extraconjugais cibernéticos”. Resta refletir se o rompimento das relações ocorreu por motivos ligados ao ciberespaço ou se a relação de cumplicidade e autenticidade do casal (ideal para a sustentabilidade da relação) não possuía bases suficientes para manter o matrimônio.

* Laços afetivos
  Os laços delineados e concretizados a partir do ciberespaço referem-se tão somente a uma comunhão de interesses ou preferências, porém, não preenchem verdadeiramente, carências do ponto de vista emocional, se comparados com os laços concretos constituídos pelas relações sociais (físicas) familiares. Contudo, cabe a cada crítico avaliar a sua concepção do verdadeiro sentido conotativo da palavra “proximidade”. Estar próximo de alguém não significa estar presente fisicamente, face-a-face, pelo contrário, proximidade é proveniente de estados emocionais sutis e profundos com relação a outrem.

* Aspectos positivos das interações
  Ao que concerne ao caráter do anonimato das relações constituídas na Internet, todo internauta poderá experimentar incontáveis novas formas de ser, pertencer e de estar (relação estar para o mundo assim como mundo está para mim), através da incorporação de novas identidades, com a nítida vantagem de não haver fronteiras concernentes a custos sociais ou espaciais para tal. Sempre existiram verdadeiros abismos interpostos às tentativas de relacionamento entre classes desniveladas pelo caráter socioeconômico e geográfico. A Internet propicia o fim das determinações preconceituosas e pré-definidas.

    Entre as várias leituras que fizemos para formar uma opinião sobre os estudos que existem a respeito dos usos saudáveis ou patológicos da internet, uma frase sintetiza o assunto: "Não importa que a aventura seja louca, desde que o aventureiro seja lúcido". Acreditamos que para avaliar se o uso da internet é benéfico ou prejudicial, é necessário saber mais sobre o contexto do internauta em questão. Este tipo de investigação tende a ser mais relevante do que julgar isoladamente o tempo em que ele fica conectado. É importante ressaltar, que o uso habitual e contínuo da Internet não é, necessariamente, danoso. Ele pode ser até saudável. Inclusive, há vários elementos sociais positivos facilitados pela Internet, como por exemplo, o estabelecimento de novas relações entre pessoas, o encontro romântico de pessoas com afinidades entre si e a possibilidade de se estabelecerem relações interpessoais à distância. A dificuldade maior no diagnóstico do uso compulsivo da Internet diz respeito aos limites entre o uso inócuo e sadio e o aparecimento de conseqüências danosas advindas dessa atividade exercida em excesso.

    É recomendável lembrar que as preocupações em relação ao uso da Internet devem ter a mesma relevância que o uso excessivo de qualquer outra tecnologia, a qualquer outro dispositivo eletrônico, tais como a televisão, o celular, videojogos e outros que prejudiquem o convívio familiar ou outras atividades presenciais. E por fim, não há dúvidas de que a Internet trouxe consigo numerosos benefícios para a sociedade, na medida em que melhorou e facilitou a comunicação e obtenção de informação. Entretanto, esse desenvolvimento não está isento de riscos e aspectos negativos, entre eles o risco de compulsão em pessoas que independente da internet, são vulneráveis à compulsão.

* Considerações finais
  Particularmente, não acreditamos na visão simplista do estar on-line ou off-line, ser real ou virtual, porque afinal das contas, seria de extrema ingenuidade considerar que somente as relações “off-line” é que podem, verdadeiramente, ser admitidas como amizades “reais”. O uso do ciberespaço é fato, e ninguém pode ignorar que os avanços da humanidade não procedem a passos para a retaguarda. O desafio do ser humano está justamente em aliar os progressos tecnológicos, sejam eles eletrônicos ou não, ao seu cotidiano de forma consciente, benéfica e vantajosa.

    Respondendo a questão: - você acha que a internet trouxe benefícios às relações sociais?
  - Sim, acreditamos fielmente que sim!

    Aqueles que já mantinham a prática do contato pessoal agregaram mais um aliado aos processos comunicacionais; e para quem tinha dificuldades ou não possuía tal hábito, eis uma forma de diluir medos e recalques. Porque, se a Internet inexistisse, sem sombras de dúvida, o ser humano encontraria outro repositório (culpado) para o seu repertório de ansiedades, depressões e carências. Afinal, isto é típico do ser humano.
Távola Redonda
Nelza Lau, Romeu Fernando Waechert e Heitor Jorge Lau

quarta-feira, 7 de março de 2012

A Eterna Busca pelo Saber

O grande espanto do homem será o dia em que seus problemas terminarem e ele descobrir que sua insatisfação pela vida existe não por causa dos problemas que tinha, mas pela falta de algo que ele esqueceu de procurar.

Original: Almeida Lopes


Távola Redonda
Romeu Fernando Waechter, Nelza Lau e Heitor Jorge Lau

segunda-feira, 5 de março de 2012

Távola Redonda - O início

    Na sexta-feira, dia 02 de março de 2012, nas dependências do Sunset Bar, uma casa antiga com ares de pub inglês, um grupo de amigos - Romeu Waechter, Heitor Jorge e Nelza Lau -, às 19h45, fundaram o "Távola Redonda". A idéia é resgatar as prazerosas rodas de conversa de modo guiado e auto-organizado .

  Há algum tempo planejávamos organizar algo que favorecesse o diálogo, o debate de idéias, a troca de saberes, o compartilhamento de olhares sobre questões que nos inquietam cotidianamente. Finalmente foi possível iniciar o processo e durante o encontro número 1 da Távola Redonda, identificamos que este grupo de amigos está ligado por certa sincronicidade de diversos fatos da vida. O que de certa forma nos fez perceber um certo clima de “deja vu”.

  Como regra geral ficou definido que os encontros ocorrerão a cada 15 dias e que o formato privilegiará o entretenimento salutar que além de fazer bem para a alma faz bem, muito bem, para o intelectual – isto significa em resumo: um local agradável, com serviço de qualidade tanto no atendimento quanto nos petiscos e bebidas, podendo ter música desde que não inviabilize a conversa. Os assuntos são pré-determinados pelo grupo e durante o encontro todo mundo solta o verbo, porém, tudo na maior ordem e organização. Para garantir isto foi definido O Objeto da Palavra (uma ampulheta; relógio de areia). Quem estiver com O Objeto tem a palavra, sendo ouvido pelos demais. - Sabe como é, hoje são quatro, mas sabemos que há grande potencial do grupo crescer em quantidade e qualidade e, quando se tem muito a discutir, a ansiedade atropela (rsss) – por isso é bom já nascer organizado.

  No próximo encontro o grupo irá debater sobre uma questão muito interessante neste mundo atribulado de informação: - Qual o efeito da internet sobre as relações interpessoais? Com certeza, todos já estão se munindo de argumentos para que a próxima noite seja recheada de idéias, contra-pontos... Afinal, discussão que se preze precisa de muita controvérsia.

Gostaram? A partir do encontro vindouro postaremos um resumo de tudo que foi falado. Até lá!


Távola Redonda
Romeu Fernando Waechter, Nelza Lau e Heitor Jorge Lau